terça-feira, 25 de março de 2008

Acabou o Diálogo

Revista ISTO É de 19-03-08 Economia e Negócios
Acabou o Diálogo: Por Sérgio Pardellas



A Vale, que teve unidades invadidas e depredadas pelo MST e pela Via Campesina nos últimos dias, resolveu contra-atacar. Não apenas qualificando de “bandidos” os que promoveram as ocupações, como fez um de seus diretores, mas enviando à Polícia Federal uma petição em que pede a prisão de Eurival Carvalho, o Totô, líder do MST que chefiou a invasão da Estrada de Ferro Carajás, em outubro. A polícia e a Justiça conhecem bem Totô: ele é investigado em cinco inquéritos e réu em outros três processos criminais. No pedido à PF, a Vale diz que sua prisão seria uma medida imprescindível. Agora, a empresa se prepara para tentar fazer o mesmo com os chefes do movimento que invadiram as suas instalações no Maranhão e em Minas, na semana passada. A Vale, afirma Tito Martins diretor-executivo, sempre investiu no relacionamento com os moradores de regiões exploradas pela mineradora. “A interlocução é freqüente com públicos que possam sofrer algum tipo de impacto, positivo ou negativo, com nossos projetos”, explicou. Também acrescentou: “é um movimento político. Querem usar a Vale para ganhar visibilidade”. Porém, Cirineu Rocha, um dos líderes do MAB (MST), garante que estão em jogo algumas reivindicações.
Prejuízo, pedra nos trilhos da Vale, em Resplendor, impediram embarque de 800 toneladas de minério. Empresas como Monsanto e Vale acusam o MST e a Via Campesina de provocarem prejuízos de US$ 200 milhões e vão brigar na Justiça.
Análise crítica
O texto apresenta os dois lados desse conflito e, embora o autor seja imparcial, faz questão de mostrar claramente através da fala dos diretores das empresas lesadas, a ilegalidade de tais atos do MST. Revela a responsabilidade social por parte das empresas e o não cumprimento de acordos pelas mesmas segundo alegações do MST.
Historicamente, o MST tem atuado no Brasil, desde meados da década de 80, pela reforma agrária e o acesso à terra, altamente concentrada nas mãos de poucos proprietários. Mas de algum tempo para cá, alguma coisa mudou. Aquele movimento de ocupação, que visava mostrar à sociedade a grande quantidade de terras improdutivas no país virou algo parecido com um partido político. E isso, é claro, no pior sentido possível.
Existem outras matérias já publicadas sobre o MST, que condenam as invasões e deveria haver uma regulamentação e controle das ações dos integrantes desses movimentos, que da maneira como estão, deixam muito bem transparecer de que agem com ideologias políticas. Já passou da hora de o governo e a sociedade darem um basta e colocarem limites no MST e em outros movimentos que são pró-reforma no campo. O radicalismo que estes movimentos demonstram em suas ações só prejudica aqueles que realmente querem trabalhar a terra, mas que são usados para fins políticos. E para agravar esta situação vemos pessoas e entidades que em teoria são sérios, indo no mesmo barco.
Para finalizar, a relação e importância do tema para a Administração, está na responsabilidade social que uma empresa tem que ter na sua implantação e, que existem leis que precisam ser respeitadas. O que não está acontecendo com o MST: a luta pela terra não importa mais, o movimento é mais importante do que as conquistas. Se hoje o governo decidisse fazer uma reforma agrária, eles seriam os primeiros a lutar contra. “E a fonte de renda, vai sair de onde? Da terra?”, diriam eles. Estão acostumados a serem financiados, não querem mais trabalhar. E para que isso continue, é necessário que a manipulação da massa continue. Criticam empresários e industriais, assim como os políticos. No entanto fazem o mesmo que eles: prometem algo que não tem intenção nenhuma de cumprir, apenas para continuar recebendo as verbas federais, quase como um partido político. Não é mais um movimento popular. É uma máquina de fazer dinheiro.

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